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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Elevação de custos e defasagem de fretes exigem reajuste imediato de 14,06%


Sexta-feira, 31 de Janeiro de 2014

 

Comunicado ao Transportador Rodoviário de Cargas e aos seus Usuários

O DECOPE – Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC&LOGÍSTICA apurou, nos últimos 12 meses, aumento acumulado de 7,85% nos custos operacionais de transporte rodoviário de cargas fracionadas, o INCTF.

O principal vilão na estrutura de custos das empresas de transporte foi o óleo diesel, que respondeu, sozinho, por aumento de 17,27% no preço do litro nas bombas. Os insumos que também colaboraram para esse aumento foram os salários de motoristas e ajudantes, com aumento acumulado de 10,22% e 10,23% respectivamente, as despesas administrativas (exceto salários), com 5,67%, salários administrativos, com 10,12%, pneus, com 12,7%, veículo, com 6,87%, seguros, com 6,07% e recapagem, com 3,77%. Os demais insumos também tiveram aumentos, mas relativamente menores.

Por outro lado, pesquisa realizada pelo mesmo DECOPE, junto às empresas de transporte de carga fracionada, identificou defasagem de frete na ordem de 5,78%, no ano de 2013, que é a diferença entre o frete efetivamente praticado e o custo necessário para remunerar a atividade. Isto porque em 2013 as empresas não obtiveram êxito na renegociação de seus acordos de preços com os clientes, principalmente pela diminuição do ritmo da atividade econômica nacional.

Considerados esses dois fatores, emerge a necessidade imperiosa de se recompor imediatamente as tarifas dessas empresas em pelo menos 14,06%, medida essencial para a manutenção de seus compromissos e investimentos.

Como se sabe, o setor ainda tem como agravante de custos os gargalos da infraestrutura, que vêm reduzindo, sobremaneira, a produtividade. Para não enumerar todas as deficiências de infraestrutura, seguem algumas, tais como: restrições à circulação nos centros urbanos, que hoje alcançam mais de 100 municípios em todo Brasil, barreiras fiscais, a ineficiência nos terminais dos embarcadores e as questões trabalhistas, que ganharam várias exigências adicionais com a Lei 12.619 de junho de 2012. Fora a situação precária da infraestrutura rodoviária e portuária que as empresas têm que enfrentar, além da grande escassez de mão de obra qualificada no setor, notadamente de motoristas.

Assim sendo é de fundamental importância que empresas de transportes e seus clientes se sensibilizem para a necessidade de revisarem seus acordos de preços, como forma de manter empresas saudáveis e parcerias sustentáveis.

LEI 12.619 E OS ÍNDICES DE CUSTOS

A Lei 12.619, que entrou em vigor no dia 17 de junho de 2012 e que regulamenta a profissão do motorista, seja ele empregado ou autônomo, trouxe avanço significativo ao setor de transportes, e, com ele, aumentos expressivos nos custos operacionais das empresas transportadoras. De acordo com estudos já desenvolvidos pelo DECOPE, este aumento variou de 14,98% a 28,92%, dependendo a operação de transporte.

Destaque-se que o impacto dessa nova legislação não foi captado pelos índices (INCTF, INCTL entre outros), porque os parâmetros utilizados pelo DECOPE já atendiam às exigências impostas pela nova legislação.

Assim, aquelas empresas que não ajustaram seus preços aos novos custos devem fazê-lo o mais rápido possível, antes que os mesmos agravem de forma irreversível as suas finanças. Aquelas que não repassaram o aumento de custos imposto pela Lei 12.619 devem acrescer ao INCTF o respectivo índice de impacto.

São Paulo, 31 de Janeiro de 2014.
 
Urubatan Helou
Vice-presidente da NTC&Logística

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Carreta carregada com produtos químicos tomba em Santa Bárbara

 

Uma carreta carregada com produtos químicos tombou na madrugada do último dia 24.01 (sexta-feira), na Rodovia dos Bandeirantes (SP-348), perto de Santa Bárbara d'Oeste (SP). Não houve feridos. O veículo estava carregado com quase 35 toneladas de nitrato de amônia, substância utilizada como fertilizante. A cabine ficou totalmente destruída.
O motorista da carreta perdeu o controle quando o condutor de outro carro bateu no veículo. Ele fugiu do local sem prestar socorro. O caminhão saiu de Cubatão (SP), na Baixada Santista, e seguia para o Pará.
 
Uma parte da carga ficou espalhada no mato. Uma das faixas da pista, sentido capital, ficou bloqueada por três horas.
Um funcionário da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) esteve no local para verificar se havia risco de contaminação do solo. Equipes da concessionária que administra a rodovia tomaram cuidado para evitar que o material se espalhasse.

(Fonte: G1 - 24/01/2014)

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Transporte de cargas enfrenta falta de 100 mil caminhoneiros

Seg, 27 de Janeiro de 2014 10:43
 
Na família de Tomaz Gabriel, de 70 anos, a profissão de motorista de caminhão passa de pai para filho há mais de um século. A vida nas estradas teve início com o avô, arrebatou o pai e, apesar dos sacrifícios, caiu no gosto de Gabriel logo cedo. Começou como funcionário, mas aos 33 anos já conseguiu comprar o primeiro caminhão. Era um "mercedinha 71", usado e pago em 24 vezes.

Hoje ele tem um Volvo 2012, automático, com ar condicionado, duas camas na boleia e frigobar. Um luxo comparado aos tempos do avô, que circulava Brasil afora com carretas pesadas, sem conforto. Mas, apesar da modernidade dos caminhões, a tradição no volante parou na geração de Gabriel. Os filhos fizeram faculdade e preferiram uma vida mais confortável, sem as privações das estradas.

A família vai continuar no setor. Mas, desta vez, no comando de uma empresa, com 140 caminhões. O problema será encontrar motorista para dirigir a frota. Ao contrário da época de Gabriel e seu avô, hoje falta profissional no mercado. Calcula-se que o déficit de caminhoneiro já atinja 13% da frota das empresas (ou cerca de 100 mil motoristas), segundo a Associação Nacional do Transporte de Carga e Logística (NTC & Logística).

A escassez tem dificultado a vida das transportadoras e dos produtores, seja do setor industrial ou do agronegócio. Na colheita de soja, a escala de embarque tem sido prejudicada pela falta de profissionais, afirma Carlos Fávaro, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja). "Se uma empresa precisa de dez caminhões para fazer o transporte de soja, recebe apenas dois por dia. Isso provoca estocagem excessiva e redução da competitividade do País."

Para complicar, o contingente de motoristas acaba sendo comprometido com os congestionamentos gigantes na entrada dos portos, como em Santos e Guarujá. Na semana passada, Tomaz Gabriel gastou 21 horas na Rodovia Cônego Rangoni para descarregar no complexo santista. No tempo perdido na fila, poderia ter atendido outra demanda. O exemplo vale também para a má qualidade das rodovias, que às vezes dobra o tempo de viagem. "Junta-se a isso a nova lei de regulamentação da jornada de trabalho dos motoristas, que exige mais paradas e alonga a viagem", diz Antonio Wrobleski Filho, dona da Support Cargo.

A empresa, com frota de 285 caminhões, teve de encostar alguns veículos recentemente por falta de motoristas. Wrobleski acaba de comprar 30 novos caminhões, mas, por falta de profissional, escalonou a entrega para não ficar com carreta parada. "Pedi para entregarem dez imediatamente, dez em abril e dez em maio. É o tempo que terei para contratar mais motoristas. Por enquanto, só consegui oito."

Remuneração. O presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, diz que tem sido difícil convencer um jovem de se tornar caminhoneiro. "Hoje ninguém quer ser motorista por causa das condições das estradas e da remuneração." Ele conta que há iniciativas no mercado de recrutamento de pessoas de 15 a 17 anos para formar caminhoneiros. "Num primeiro momento, eles até têm interesse. Mas quando chega a parte prática e mecânica do curso, mudam de ideia e veem que ser mecânico é mais vantajoso", diz.

Fonseca tem uma empresa de transporte de cana de açúcar e precisa de motoristas especializados na condução de caminhões pesados, computadorizados e cheios de tecnologia. A última turma contratada teve treinamento por 40 dias. "Você dá toda a estrutura para o profissional, plano médico, salário de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil, acomodação para ficar no local durante a safra e alimentação e, mesmo assim, é difícil contratar."

A alta tecnologia dos novos caminhões também amedronta os profissionais, especialmente os motoristas mais velhos, acostumados a veículos manuais. A maioria não sabe operar os novos caminhões. E quando o fazem arriscam suas vidas e de terceiros. O professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, conta que boa parte dos acidentes provocados por caminhoneiros nas estradas está ligada à incapacidade dos motoristas de lidar com as inovações tecnológicas. "Os novos caminhões exigem uma postura diferente no volante. Qualquer movimento brusco pode provocar sérios acidentes."

De olho no risco, a JSL - uma das principais empresas de transportes do País - apostou no treinamento de novos motoristas. O diretor de Operações e Serviços do grupo, Adriano Thiele, conta que a empresa montou 13 centros especializados na formação.

Os funcionários, que devem ter carteira de habilitação específica para dirigir caminhões, são contratados e passam de 45 a 60 dias em treinamento. Em 2012, dos 2,6 mil motoristas contratados, 914 foram formados nessas escolas. "Estamos crescendo a uma taxa anual de 28%. Fomos obrigados a preparar nossa mão de obra", diz Thiele.

Igual estratégia tem sido adotada pela Transportadora Roma, que já ficou com 5% da frota parada por falta de motoristas. Tradicional no carregamento de grãos, a empresa apostou no treinamento para reduzir prejuízos. Hoje, 20% dos seus profissionais foram treinados por instrutores próprios, diz o diretor de transportes, Gelso Luiz Lauer. "Nosso segmento exige caminhões bitrem e rodotrens. É preciso ter habilidade e conhecimento para operá-los."

Resende diz que a situação de escassez de motoristas já era esperada pois a demanda por transporte é cada vez maior e a oferta de ferrovias limitada. "Nas fronteiras agrícolas, a oferta de transporte sobre trilhos é praticamente a mesma há dez anos. O resultado é o desalinhamento entre oferta e demanda."


Fonte: O Estado de S. Paulo