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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Frota de caminhões no Brasil chega a um milhão

30/06/08 - 22h40 - Atualizado em 30/06/08 - 22h40

E a constatação nada animadora: média de idade dos veículos é de 21 anos, o que representa um risco para quem usa as estradas

A Agência Nacional de Transportes Terrestres anunciou um recorde. O Brasil atingiu, neste mês, a marca de um milhão de caminhoneiros autônomos, mas esse número esconde um problema:
a idade média dos caminhões. Em um, a tampa de combustível sumiu. No outro, na falta da maçaneta, vai um cadeado mesmo.
Os documentos não mentem. Um quarentão meio fora de forma continua na praça: “1961. É velho, mas é meu!”, diz o motorista. Suspensão? “Não está frouxo, isso é normal. A última revisão foi há uns dez anos ou mais”.
Este mês, a Agência Nacional do Transporte Terrestre registrou pela primeira vez a marca de um milhão de caminhões rodando nas mãos de motoristas autônomos. E, surpresa, descobriu que a idade média da frota é de 21 anos. Para os caminhões, as décadas que passam agem como se fossem um carrasco e não é só por causa da evidente necessidade de manutenção. O século XXI não foi feito para caminhões antigos.
Nas estradas de hoje, esses veículos são como perigosos viajantes do tempo, prontos para causar uma tragédia. Quando foram projetados, as estradas eram outras, as cargas eram menores, as velocidades também. Os especialistas dizem: os caminhões do passado não estão preparados para as exigências de uma economia que cresce.
“Em curvas mais fechadas, em aclives, subidas, ele vai desenvolver uma velocidade tão baixa em relação aos outros veículos que, se você sair com sua família de uma curva, encontrar o veículo circulando a menos de 50% de sua velocidade de rodagem, isso é um indutor de acidentes”, afirma Moacyr Duarte, pesquisador da Coppe (UFRJ).
Nos caminhões, são seis os itens considerados críticos pelos engenheiros de segurança: o sistema de iluminação e sinalização, os pneus, o sistema de direção, os freios, a suspensão e o engate de carga. Todos precisam estar em perfeitas condições de funcionamento.
O Rio é o único estado onde existe alguma vistoria de caminhões. Uma vez por ano, só itens básicos, como luzes, limpadores de pára-brisas e emissão de gases são checados. Ninguém fiscaliza, em lugar nenhum do país, a parte mecânica dos caminhões.
O Departamento Nacional de Trânsito diz que conta com as operações da PM e da Polícia Rodoviária Federal para esse tipo de trabalho. As notícias não são boas nos bloqueios de fiscalização.
“Só olhando, não tem condições de saber se a parte mecânica está em dia. No olho, a gente não tem como avaliar as condições de segurança do veículo”, reconhece o policial rodoviário federal Marco Antônio dos Santos.
Enquanto ninguém faz nada. “Vou para a estrada de novo. É isso aí”, diz o motorista de um caminhão velho.

Fonte: Globo.com

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